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TENEBE, OS ANJOS E OS DEUSES

  Quando abrimos m?o de um segredo sentimos a alma leve, voando suave como pluma ao vento, esvoa?ando, procurando seus caminhos etéreos. Pena, destinos que somos, teias que tecemos.

  Tenebe acordou mais cedo e se aconchegou perto das brasas da fogueira, deixando os pensamentos livres, se espalhando, ocupado em recolher memórias.

  Agasalhado na madrugada que se ia o velho humano ainda permaneceu por longo tempo cismando, avaliando as últimas horas, lembrando-se da conversa que acabara de ter com Adanu, da tristeza que via em Allenda, de como ela recusava admitir o que sentia por Uivo.

  - Dor – cismou, se perguntando como n?o conseguiam aceitar algo t?o incrível como o que estava nascendo entre eles. Abanou a cabe?a, triste pelos dois. – Ah, tomara que consigam. E ent?o será ... maravilhoso para eles.

  Tenebe suspirou satisfeito, em paz, ao imaginar como seria.

  Ent?o se levantou pesado. Espregui?ou demorado e sobre passos pensativos se afundou na floresta. O dia n?o demoraria a nascer, pois uma luz se insinuava no leste, uma luz fraca povoada de nuvens baixas e neblinas pesadas sobre o horizonte.

  Sua alma ficou em silêncio, apenas ouvindo os sons solitários dos seus passos.

  Lentamente tomou a dire??o de uma clareira que vira alguns metros antes do acampamento, que lhe prometia alguns momentos de paz.

  Tenebe encontrou a trilha para a pequena clareira, sentindo ainda de longe que aquele era um lugar de poder. Estranhou ao sentir que aquele lugar parecia chamá-lo, aguardá-lo.

  Repentinamente parou no caminho. Havia uma sensa??o muito forte de que um poder, velho e majestoso, se aproximava, se tornando cada vez mais presente. Pensou sobre ele, e nada mais viu. A única coisa que sentia é que era um poder amigo. Por um tempinho ainda sentiu o ar e os sons. Tudo estava em paz, conferindo que ali havia uma atmosfera agradável.

  Baixou a guarda e retomou o caminho.

  Na entrada da clareira respirou fundo, sentindo o pulsar do lugar. A madrugada enfraquecera um pouco mais. Ela estava nublada e fria, com uma neblina gelada cobrindo o ch?o. Uma garoa fina caía lentamente há algum tempo, t?o fina que até a mais fraca brisa a movia no ar.

  Disfar?ando sua aten??o notou que a sensa??o de proximidade se mostrava bem mais forte agora, mais vigorosa.

  Tenebe esperou, porque era claro que havia um poder muito velho na clareira, que a clareira aceitara e aconchegara. Observando tranquilamente ficou esperando permiss?o para entrar.

  Os minutos transcorreram, e viu que ali só havia o frio, a garoa, a neblina que rondava misteriosa e as árvores vistas apenas por seus contornos. Ao menos era o que lhe era mostrado.

  Aguardou.

  De repente, como se fosse um toque em sua mente, sentiu necessidade de entrar. Deu um passo à frente, e outro e mais outro, até estar quase no meio da pequena clareira.

  Estacou ao sentir o velho poder ali, como uma eletricidade enraivecida e nervosa por todo o ar. Os pelos da nuca se eri?aram e um arrepio poderoso correu por todo seu corpo. Tenebe se controlou e esperou, sabendo que tudo estava para se desencadear.

  Foi ent?o que, com um baque seco e surdo, desceu à sua frente um ser de muito poder. Ele estava em pé, duas longas asas brancas de ave esticadas, que lentamente foram se fechando às suas costas.

  Ele parecia resplandecer suavemente, como acontece com a luz quando brinca no cristal.

  Tenebe tinha os olhos presos na criatura quando, tal qual a primeira, mais um surgiu abrupto ao lado do primeiro, e logo a seguir outro, que viu ser uma mulher magnífica, uma guerreira demiana. Eram majestosos e soberbos, do tamanho de qualquer humano, mas bem torneados e com a mais incrível aura de poder que já vira. Eles mostravam a face corada de sol, com exce??o do que descera em segundo, que tinha o rosto t?o branco quanto a papa da mandioca. Vestiam trajes brancos como nuvem, e estavam t?o perfeitos que Tenebe se sentiu envergonhado por estar somente de tanga envelhecida de couro e com uma sacola de folhas e pele e um cajado velho e torto na m?o.

  Sorriu sem-jeito.

  Tenebe, sentindo o poder que emanavam, baixou a fronte em respeito.

  - Nobre Tenebe, viemos para assuntos urgentes e importantes. Meu nome é Miguel, este é Belaliel e esta é Aranel.

  - é uma honra estar na presen?a de vocês – sussurrou Tenebe admirado com tanta beleza e poder. – Estou pronto para ouvi-los.

  - Sei que sabe de boa parte da história que vamos lhe abrir, mas pe?o que tenha paciência, Tenebe.

  - Claro, claro que sim – concordou sentando-se de frente para os três, que já haviam se ajeitado no ch?o relvado.

  - Sabe, há muitos milênios houve uma guerra nos céus. Ela foi t?o vasta que rapidamente se alastrou para todos os lugares criados – falou o anjo em uma voz extremamente modulada que parecia ecoar gentil em cada dobra do ar, - mas cujo último combate se deu sobre as montanhas brancas desse mundo – falou, os olhos tristes postos no oeste.

  > Maravilhados com as mentes dos homens construímos uma cidade e nela colocamos um portal para que, através dele, os homens pudessem estudar os locais criados, e aprender. Mais para o interior daquelas terras altas construímos mais portais, totalizando treze portais, destinados aos homens. No portal da cidade colocamos as mutas, as rainhas, e por elas fomos traídos, quando algumas libertaram os dem?nios presos no lago, cujos nomes bem conhecem. Mutas, como bem sabe, s?o os craneos de cristal do qual o Trov?o criou os homens. Ent?o, assim libertos, esses dem?nios ligaram o portal central aos mundos tenebrosos, de onde emergiram mais dem?nios. A guerra explodiu, violenta, cruel, onde muitos pereceram e onde a dor se agigantou.

  > Se saímos vitoriosos no orbe, aqui perdemos a cidade do lago, Theotihuacán. Quando a deixamos para os dem?nios retiramos a maioria das treze rainhas. As que conseguimos tirar das montanhas nós trouxemos para cá, para estas terras baixas, onde as escondemos e as vimos protegendo desde ent?o. Mas for?as est?o em movimento, e uma nova e violenta guerra está se anunciando, já prestes a come?ar, o que já perceberam.

  - Antes de qualquer coisa, nobre humano – interveio a demiana, - é necessário entender que as mutas s?o independentes e muitas vezes voluntariosas, o que acontece até mesmo com os reis que os dem?nios foram induzidos a criar. Sei que sabe disso, que vocês já sabem disso. Mas, isso é algo que nunca, nunca devem esquecer, porque vocês nunca devem se sentir confiantes quanto a elas. Cuidado com elas, observem seus portadores...

  - Há perigo t?o latente?

  - Observem os portadores. Tenham cuidado com eles. As mutas têm uma frieza lógica que até pode parecer desprovida de ... amor. No entanto, a lógica delas é sobre algo maior. N?o é por um momento, mas pelo que se desdobra pelo tempo infinito ...

  Tenebe reviu a caveira pela qual Cartena se tornara responsável e sentiu um frio correndo ao longo de toda sua coluna. Quando Uivo a trouxera até eles, instintivamente teve pena por Cartena, por si mesmo e por todos os outros.

  - Elas est?o se revelando, n?o é mesmo? – perguntou, a voz quase sumida.

  - Sim, meu amigo – confirmou Miguel. – Uma já está com vocês, três outras est?o com os dem?nios e nove outras permanecem ocultas, observando, avaliando. Algumas delas s?o atraídas pelo lado sombrio, e essas necessitar?o de grande energia para serem estabilizadas e pacificadas, enquanto as outras procuram um cora??o a quem se denunciar. Elas est?o querendo participar, est?o se ativando novamente. E elas possuem o poder para isso.

  - Pode me falar sobre elas? – pediu, a voz trêmula. – Gostaria de ouvir por vocês ...

  - Vocês est?o com a que se chamou de Doremanso. Essa é poderosa, e é uma das mais fiéis à luz. As mais poderosas s?o Maestra, Volitora e DosVivos, A DosVivos, que já esteve com os dem?nios e com vocês, é uma das que pende para o lado sombrio. Sua cor é branca leitosa. As que ainda est?o com os dem?nios s?o a Canhestra, Alegoria e Dana??o. A Canhestra pode influenciar perigosamente uma mente – falou, uma dor vagando pela voz. - Essa muta foi a que traiu um dos nossos e quase o destruiu. Ela é da cor cinza escuro, quase negro. A Dana??o, uma caveira vermelha sanguínea é extremamente poderosa e de vontade volúvel, que foi usada como molde para a caveira enviada para os dominar. Quanto à Alegoria, tenham muito cuidado, pois ela é muito perigosa. Ela pode entrar nas mentes das pessoas. Ela é da cor ocre com estrias verde-esmeralda. Ocultas nestas terras temos Nanindeua, a roxa; VidaSempre, cor castanho claro; SempreViva, cor-de-rosa e NuvemAlta, de quartzo branco. Todas essas enumeradas pendem mais para a luz, mas podem ser enganadas ou convencidas.

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  > Já DosVivos; Montesa, de cor branca com estrias negras e Maresia, de cor cinza chumbo, pendem mais para a escurid?o, mas, tal como todas, também podem ser enganadas ou convencidas.

  - Faltam ainda duas – verificou Tenebe, vendo que os anjos haviam se calado.

  - Sim! Faltam Volitora e Maestra. A volitora é a central, sem cor definida, porque ela pode assumir, mesmo que por pouco tempo, a forma, a cor e o poder das outras. Sem ela as treze rainhas n?o despertam seu real poder. Ela, sozinha, n?o possuiu poder algum, mas pode se disfar?ar em qualquer outra e se ocultar, e dela terá o poder, mesmo que momentaneo. E a última é a Maestra, também sem uma cor predominante que a defina. Essa talvez seja a mais poderosa das rainhas, e isto porque ela pode dominar fortemente as outras se assim se decidir. Além disso, ela também é a mais independente e voluntariosa.

  - Você quer dizer que essa...

  - Essa é a mais temida de todas. Ela foi transportada para cá pelo anjo mais poderoso que existia, porque outro n?o suportaria sua for?a. Aqui ela teve que ser mantida longe do alcance das outras. Essa é, na realidade, a rainha verdadeira, enquanto a Volitora é a dissimulada, a disparadora.

  - O que acontecerá quando a Maestra quiser ser encontrada? – perguntou, o receio latente na voz.

  - Estamos procurando um ser que possa se apresentar a ela e emocioná-la – revelou. – Por sorte n?o há nem mesmo dem?nio que possa fazer isso.

  - Mas antes ela estava acomodada ...

  - Havia anjos com tal poder. Além disso, ela nunca esteve em poder dos dem?nios, porque ela nunca desejou isso.

  - E se ela desejar?

  - N?o sabemos o que poderá acontecer. Ela pode assumir o controle deles e fazê-los agir em seu nome, ou destruí-los e retornar para onde veio.

  - De onde ela veio?

  - Da mente do deus Trov?o. As pessoas criaram onze caveiras, pelas quais Tup? se apaixonou e criou os seres que originariam os homens a partir delas. A Volitora e a Maestra s?o cria??es exclusivas do deus Trov?o, para as outras controlar.

  - Mas, por que ele as deixou nesse mundo?

  Um silêncio se instalou e insistiu em n?o ir. Tenebe aguardou pacientemente, o cora??o pulando no peito. Por fim o anjo falou, a voz poderosa quase em um sussurro, cheio de receios.

  - Porque elas est?o aqui para destruir o mundo e todas as criaturas, se n?o verem na cria??o o desejo do deus criador.

  Tenebe engoliu em seco, o panico amea?ando destruir sua alma. Nem em seus sonhos mais loucos pensara que um tal poder pudesse estar livre no mundo, observando, jogando com a vida, julgando.

  - Mas, Tup? n?o está disperso em toda a cria??o?

  - Essa condi??o n?o o afeta...

  - é cruel... – Tenebe suspirou.

  - Num primeiro pensamento sim, nobre humano – interveio novamente a mulher. – Mas a cria??o precisa evoluir, e se ela n?o deseja isso, ou se só pensa em voltar para as sombras ou n?o almeja a luz, sua destrui??o é apenas a n?o existência, e ent?o a dor de n?o existir n?o existirá.

  Tenebe baixou a cabe?a, os pensamentos latejando. Por fim levantou os olhos e olhou o mundo. Como seria viver sem temer o futuro?, se perguntou. Por isso precisava acreditar nos anjos, nos homens, nos nefelins, nas pessoas; precisava acreditar na vida.

  - Tenho medo! – revelou com humildade. – N?o sei se teremos for?as suficientes para proteger Doremanso, até dela mesma, e da ganancia que ela irá despertar, até que descubra com quem quer realmente ficar ligada, até o momento decisivo. Quanto mais as outras, quando despertarem ...

  - N?o estar?o sozinhos nesta empreitada – consolou Miguel. – Apenas acredite e n?o se desespere, mesmo em seus momentos mais nebulosos. Esta guerra que est?o para enfrentar n?o foi iniciada por vocês, mas por suas m?os poderá, finalmente, ter um fim. Vocês, humanos, tem muito mais poder do que imaginam.

  - Se foram vocês que trouxeram as caveiras e aqui as esconderam, ent?o poderiam dá-las a quem desejassem.

  - N?o é assim, nobre humano.... Nunca, nunca se esque?a: elas s?o as rainhas, s?o elas que escolhem quando deixar?o cair os véus que as cobrem, e a que lado se afei?oar?o.

  - Mas vocês as trouxeram para cá e....

  - Foi porque elas desejaram isso. Elas queriam avaliar os muitos lados da existência antes de se decidirem.

  - Mas algumas ficaram....

  - Essas já tinham feito a escolha, ao menos naquele momento.

  - Certo, certo. Mas a DosVivos foi tomada....

  - Ela abandonou um lado. O dem?nio foi enganado, e ela fez uma escolha. A verdade é que foi ela que chamou o anjo para que a tomasse. Entenda que nenhuma delas simplesmente se entregará pacificamente. Elas desejam a energia, desejam a firmeza e a vontade. Elas querem que se fa?a uma poderosa liga??o. é isso que elas causam, quando decidem n?o se entregar facilmente.

  - Ent?o a DosVivos nos escolheu.

  - Talvez... Talvez tenha desejado a solid?o e quietude, ou se manter afastada dos dem?nios, ou de vocês. N?o se pode afirmar algo quanto a elas, nem mesmo quanto às três que est?o com os dem?nios. N?o se deixem enganar, n?o se deixem iludir, porque ela os está estudando. A vigília é recomendada. Se ela quiser ela poderá mudar de lado, como qualquer outra.

  - E quanto às outras duas, a Volitora e a Maestra?

  - Quando foram deixadas aqui elas simplesmente sumiram – revelou Miguel. – A partir de ent?o elas n?o mais foram vistas, desde aquele dia.

  - Vocês as procuraram?

  - Por algum tempo sim, mas entendemos que esse era o desejo delas, e as deixamos quietas desde ent?o.

  - Mas, se elas quiserem ser encontradas....

  - Quando – o anjo frisou com suavidade - elas quiserem ser encontradas saber?o como fazê-lo.

  - éééé.... Mas, e quanto aos reis? Onde eles entram?

  - Escute com aten??o, nobre Tenebe. Os dem?nios foram enganados. Eles foram levados a acreditar que deveriam e poderiam criar treze reis, quando o que se esperava deles era a cria??o de apenas dois, que agora est?o nestas terras. Esses reis ainda n?o est?o bem entendidos – declarou. - Eles est?o crescendo, e quando entenderem quem s?o far?o a sua escolha. Ao que parece eles s?o for?as, com exce??o da própria vontade deles, que os podem convencer a pender para um lado, ou outro.

  - O que? Eu n?o entendi... Quem os enganou?

  - Isso ainda n?o sabemos – confessou.

  - Foi um anjo, ou um outro dem?nio, ou os potaraobis, ou.... Nem uma ideia de quem possa ter sido?

  - Realmente n?o sabemos, Tenebe. Só sabemos que os dem?nios foram induzidos a criar esses dois reis. E, quando estavam prontos, eles foram despertados e inoculados com grande poder. Também sabemos seus nomes: Danur, o azul, e Mazur, o vermelho.

  Tenebe ficou abobalhado, o olhar perdido com todas aquelas informa??es.

  Os anjos o observavam, compassivos.

  - Quem lhes deu poder?

  - N?o sabemos... Apenas sabemos que é um poder latente, e que está crescendo. E também n?o sabemos a extens?o do poder que poder?o ter.

  - Está muito confuso, confesso – falou, parecendo despertar. - Por que os dem?nios foram induzidos a criar esses dois, para depois deles serem tirados? Só eles poderiam ter construído esses dois? Além disso.... é o próprio Tup? que está dentro deles, que desejou renascer como curumins? – perguntou todo confuso e abalado. - Os dem?nios têm tal poder para construir Mutas?

  - Tenebe, você bem sabe que o Trov?o está em cada cria??o, n?o sabe?

  - Sim, eu sei, mas.... As treze rainhas n?o podem ser convencidas por uma for?a pequena.... Será que suas energias vêm de uma concentra??o de energia do Trov?o que possa ter se infiltrado nos dois reis e....

  - As mutas, Tenebe, n?o s?o apenas rocha. Elas s?o energia, e est?o habitadas por um ser de poder, e elas est?o despertando, procurando um outro ser que as estabilize.

  Tenebe suspirou, vendo a complexidade que eram as mutas. Resolveu n?o fazer as perguntas que o acossavam. Já estava tudo muito complicado. Mas...

  - Além disso, humano Tenebe – interveio a demiana, - Tup? n?o é único, ele é três – declarou com tranquilidade.

  Tenebe estudou suas fisionomias por algum tempo, até que entendeu as insinua??es dos anjos.

  - Iraci e Inti.... Os próprios deuses.... Esses dois deuses n?o se pulverizaram pela cria??o? Eu n?o entendo como....

  - Trov?o é trio, mas também uno - lembrou. - Aguarde e esteja atento! – tranquilizou, - Porque este é o momento a partir do qual muitas coisas procuram a luz para dizer seus nomes – falou o anjo Miguel.

  Tenebe observou um sinal de alerta nos modos como o anjo que se chamava Miguel o observava. Ent?o passou os olhos pelo anjo pálido que permanecia calado e pela demiana, e soube que algo importante estava para ser revelado. Suspirou, o cora??o batendo mais forte no peito. Pressentia algo de muita importancia, que lhe traria dor. Talvez aquela fosse a verdadeira raz?o de o terem procurado.

  - Há muitos poderes ocultos nesse mundo – come?ou a bela demiana tomando a palavra. – Há um grande dem?nio de poder, chamado Mercator, e há um outro ainda, que está despertando, está em seu processo de se descobrir.

  - Uivo??? – sussurrou Tenebe como um gemido.

  - Sim, nobre humano. Uivo é seu nome, e dem?nio n?o é sua defini??o. Seu caminho ainda n?o está à luz, mas suas várias possibilidades sim. Você viu parte da estória dele, e conhece um pouco das sombras que o possuem.

  - Sim, sempre soube. Mas ele é t?o... t?o nobre que....

  - Sabemos que teme por ele, e é certo que sinta isso. O poder escuro nele, quando estiver maduro, será enorme, só ficando abaixo dos três grandes, Trevas, Escurid?o e Mercator. Humano, ele é um descendente direto de um dem?nio muito velho e poderoso.

  - Trevas ou Escurid?o? – Tenebe teve receios do que poderia ouvir.

  - Há muitos dem?nios velhos nesse universo – declarou o anjo de modo evasivo.

  Tenebe levantou os olhos, a confus?o e o horror em seus olhos. Ent?o, ao se lembrar de Uivo, de seus risos e suas lutas em nome de uma justi?a quase sempre ignorada, sorriu e se tranquilizou.

  - Ele é Uivo, e vai vencer isso... – resolveu n?o pensar mais que dem?nio antigo poderia ser esse. Se os anjos n?o dissessem, n?o teria como saber, se tranquilizou. - Ent?o, aquela dêmona que foi morta....

  - A m?e dele estava sendo ca?ada por seu próprio pai, que planejava matar a ela, ao pumayacaya e ao bebê. Mas um dos grandes dem?nios apareceu e matou os pais da crian?a.

  - Entendo – falou com lentid?o, aproveitando para pensar e colocar os pensamentos em ordem. - Podem ajudá-lo?

  - Sempre estamos por perto, nobre humano - declarou sob os olhos pesarosos de Tenebe. Tal como as mutas que esperam por um poder estabilizador, também Uivo tem essa necessidade. Apenas esteja atento, e cuide dele... As sombras n?o desejam que ele se estabilize e brilhe.

  - Allenda... – Tenebe suspirou, sentindo uma esperan?a dolorida no peito.

  Ent?o todos se puseram de pé.

  - Aluna Van – Tenebe ouviu o ar ressoar.

  Sem esperar que o anci?o se levantasse eles se impulsionaram, subindo abruptos como coriscos, deixando o velho mago sozinho num mundo que havia mudado demais.

  - Ao UM que lá está – Tenebe respondeu em pensamentos, a mente confusa com tantos segredos.

  Já bem distante no alto, fora das vistas do humano, a demiana se voltou, confusa, para Miguel.

  - Por que n?o lhe contou que Uivo é descendente direto de Trevas?

  - E por que contaria agora? O momento para que isso seja posto em claro ainda n?o é chegado. Essa informa??o, agora, poderia causar mais mal que bem – declarou.

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