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SOLIDÃO ACOMPANHADA

  é o alimento que n?o sacia, é a ansia que n?o desaba e some. N?o conhe?o seu nome, mas apenas a dor que me causa. E, na verdade, tenho receio e n?o quero conhecer a sua essência, porque temo ver que n?o terei esperan?a.

  Allenda se afastou um pouco da comitiva. Sentia-se incomodada, e via que isso n?o passava despercebido aos outros, principalmente a Adanu.

  Os dias haviam corrido muito, se precipitado como a neblina pesada que desaba das montanhas mais altas, caindo sobre os vales mantidos às suas sombras.

  Sentia essa estranha apatia, essa tristeza, e n?o entendia bem por quê. Ao se analisar percebia que podiam ser por inúmeras coisas, mas n?o sabia ao certo qual delas deveria culpar. Pensou mais devagar, e viu que gostaria de ter permanecido mais tempo no acampamento. Estranhou essa descoberta, porque n?o estava afei?oada àquelas pessoas e ...

  Um frio enrijeceu sua coluna enquanto subia para sua cabe?a. Foi como um baque, acompanhado de um estampido estranho. Sua vis?o se turvou e seu rosto se afogueou.

  Moveu a cabe?a com uma certa irrita??o.

  De esguelha conferiu que os outros n?o prestavam muita aten??o nela, o que a fez relaxar. No entanto, o inc?modo logo retornou. Tomada de tens?o se ergueu, uma estranha revolta se movendo nas entranhas de seu cora??o. Com passos firmes saiu, após avisar que iria ca?ar alguma coisa. Precisava se isolar e esquecer novamente os pensamentos que a incomodavam, enquanto ficava repetindo que aquilo que tocara n?o era real.

  - Ele me abandonou, me deixou ir embora ... – pensou com amargura e contida revolta.

  Tenebe e Adanu a observaram preocupados enquanto ela sumia nas sombras úmidas das árvores.

  - é.... Ela n?o está mesmo confortável ...

  - Ela nunca tinha se apaixonado, Adanu?

  - Que eu saiba, n?o. Teve alguns namoricos, mas sempre os dispensava bem rápido. Sua vida de guerreira e sua independência tinham precedência sobre tudo o mais ... E quanto ao Uivo?

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  - Desde que o juruparináh atacou Allenda ele pareceu ter mudado. Sabe, mais tenso, os olhos cuidadores, se me entende.... Ele n?o percebia o que estava fazendo, e acho que nem o que estava pensando. Porém, acho que Uivo foi o primeiro que entendeu o que estava acontecendo com eles, ou com ele.

  - Os dois se machucaram feio. Primeiro, Allenda com Lavareda, e depois, Uivo com Elliara ...

  - Ouvi dizer que Allenda recusou muitos pretendentes depois de Lavareda ...

  - Sim.... Disse que eles eram ... desinteressantes.

  - Uivo ficou bem mais silencioso. Mas, acho que ele também n?o teve mais ninguém. Ao menos, o vi correndo de algumas ... – deu um sorriso quieto e distante.

  - Acha que essa distancia entre eles é boa?

  - Acho sim! Eles poder?o entender o que aconteceu, o que está acontecendo, avaliar tudo isso ... – cismou Tenebe.

  - é.... Mas, estava muito divertido ver os dois assim, meio-perdidos, antes do ataque do grupo de Lavareda – sorriu. Adanu ficou em silêncio, a mente longe. Ent?o se recobrou. - Notícias de Uivo? – perguntou.

  - As de sempre.... Ele entrou para um grupo especialista de ca?adores, e parece que já está arrumando coceira com os comandantes – sorriu.

  - Esse Uivo.... – sorriu compreensivo. – Falhei com ele.... Eu devia tê-lo convidado já na forma??o do danush. Mas, ...

  - N?o, n?o acho que tenha falhado. Você n?o sabia o que tinha acontecido entre eles. Além disso, ele n?o iria aceitar ficar conosco. Eu acho que ele apenas ficou, ... Bem, acho que decepcionado, e um pouco desesperado ao perceber que a comitiva estava para partir. Eu acho que ele esperava que Allenda o procurasse, ao menos para se despedir.

  - E ela queria ...

  - E por que n?o foi?

  - Acho que medo. Uivo estava magoado demais, e acho que ela ficou com receio deles se estranharem feio e terminar tudo de uma vez por toda. Sabe, n?o ter mais qualquer possibilidade de sonhar.

  - Complicado....

  - Sim, é sim.

  - Quando partimos eu o senti lá pelos lados do Pouso Frio, e seus pensamentos estavam na menina. O cora??o dele estava pequeno. Ele se tortura, acreditando que n?o é merecedor.... Coisas de jovens – cismou Tenebe.

  - Esses dois. Comigo e com Bela tentaram nos ajudar, e deu tudo errado.

  - é mesmo? – quis saber Tenebe, sorridente e todo curioso.

  - Han, hannnn.... éramos como os dois; lutávamos e brigávamos, e n?o aceitávamos o que estava acontecendo. E, também, n?o conseguíamos parar de nos procurar. Exatamente igual – sorriu. - Os amigos e os pais viram e tentaram nos acalmar, e nos avisaram do que realmente estava acontecendo, o que só embolou as coisas mais ainda, porque n?o entendíamos tamanha maldade de Tup?. Mas, ent?o, o tempo.... – Adanu parou, os olhos perdidos e emba?ados, sonhando com tempos perdidos.

  - é estranho, n?o? Eles serem espelhos de vocês. Ainda bem que você passou por isso. Tempo.... – sussurrou, os olhos sorrindo ao ver Allenda surgir na borda da floresta, a face concentrada com uma pontinha de tristeza, trazendo em volta do pesco?o uma pequena gazela.

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